Serei só eu?
Serei só eu que, sempre que leio alguém a perguntar se "sou só eu que...?", me apetece responder: NÃO, CHIÇA, NÃO ÉS SÓ TU, PORQUE HAVERIAS DE SER SÓ TU?
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Serei só eu que, sempre que leio alguém a perguntar se "sou só eu que...?", me apetece responder: NÃO, CHIÇA, NÃO ÉS SÓ TU, PORQUE HAVERIAS DE SER SÓ TU?
O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
Das janelas de minha casa vejo um pedaço de terra de ninguém, preso entre quatro paredes de prédios independentes. É literalmente um retângulo, um bocado de terra ladeado de muros com toda uma mistura de coisas verdes e desorganizadas: erva daninha, umas couves ali e acolá, um pessegueiro despido, uns arbustos confusos e, no geral, um monte de vegetação anónima.